Pintura digital com texturas - Gimp e MyPaint

Nestes últimos tempos tenho trabalhado bastante com ilustrações e tenho tido pouco tempo pra escrever aqui... mas de qualquer modo tenho feito pesquisas que unem a pesquisa sobre pinceis úmidos para o MyPaint com a possibilidade de criarmos pinturas com texturas no Gimp.

Ilustração para o Observatório da Imprensa. Desenho à lápis digitalizado e cores
aplicadas no MyPaint com pinceis pastosos e ou úmidos.

De fato nos meus trabalhos de ilustração que tenho feito para a Folha de São Paulo, para o blog do Matheus Pichonelli no Yahoo e matérias do Mauro Malin do Observatório da Imprensa... tenho usado de alguma forma os pinceis e algumas técnicas para colocar texturas nas minhas ilustrações.

Nestas ilustrações tenho trabalhado com uma metodologia hibrida, fazendo os desenhos à lápis e depois passando-os para digital com o scanner.

Ilustração para a Folha de São Paulo... desenho à lapis digitalizado
e colorido com pinceis pastosos feitos para o MyPaint.

O processo inicialmente foi discutido com o Mozart Couto e chegamos a alguns denominadores comuns... basicamente individualizamos, entre vários, dois métodos possíveis... e cada um destes depende de como o artista o adapta melhor no próprio workflow.

No Gimp podemos pensar em texturas em duas formas diferentes... (1) as texturas propriamente ditas ou patterns e as (2) manchas ou marcas produzidas por pinceis combinados às dinâmicas de pintura e opções do Tool Options.

As texturas, propriamente ditas, podem serem aplicadas com dois instrumentos clássicos: o Bucket Fill Tool [Balde] e Clone Tool [Carimbo]. Pensando em termos de pintura digital os dois instrumentos são validos mas seguramente o Clone Tool é bem mais versátil. Para os mais intrépidos o Paintbrush, Pencil e Airbrush tool são também indicados para aplicar texturas através dos diferentes brushes de nossa biblioteca.

Os métodos de aplicação de textura

Na minha opinião existem dois métodos de aplicação de texturas nas imagens com o Gimp: os convencionais baseados em layer separado com aplicação de recortes ou não. Os instrumentos de aplicação serão os clássicos Clone Tool e o Bucket Fill Tool (no caso do Clone Tool temos a opção de usar dinâmicas de pintura). Podemos também usar o pincel que contenham texturas e proceder a modo carimbo/livremente nas areas em questão... aqui o método se amplia notavelmente e a criatividade e improvisação do artista serão os limites.

Aplicação textura com recortes de seleção

Neste método imagino o trabalho finalizado e que queiramos aplicar texturas nas diferentes áreas da pintura. Então um dos caminhos é retalhar a pintura com seleções e aplicar as texturas num layer abaixo do da cor... normalmente aqui teremos que usar blends... o mais comum nestes casos é o Multiply ou o Overlay. Caso optamos pelos blends teremos duas possibilidades, (1) aplicar-lhes diretamente no instrumento de pintura ou (2) em único layer ou varios sobrepondo-os com adequados blend modes. A aplicação de texturas em layer dedicado possibilita a alteração a posteriori coisa que aplicando o blend diretamente no instrumento de pintura não é possível (isto se claramente usarmos um único layer para estas texturas).

Exemplo da aplicação de texturas numa camada abaixo daquela de trabalho.

Pessoalmente percebo que é muito difícil controlar os efeitos das texturas num único layer. Um modo de driblar isto pode ser resolvido alterando/equilibrando o peso das texturas para um tom médio ou até baixo, ou seja, um valor que ideal para o efeito final desejado.

Exemplo de aplicação de texturas numa única camada abaixo da pintura,
este seguramente é o método mais direto e simples.

Layer dedicado as texturas e Lock Alpha Channel com uso de pincel texturizado

Um modo mais clássico de aplicarmos texturas é usarmos uma pintura com camadas sobrepostas de diferentes texturas em um layer abaixo da pintura... este método é ágil e muito controlado tanto para pintar quanto para aplicar outras texturas e ou pinceladas na camada de texturas.

Esquema de camadas de pintura e de texturas sobrepostas.

Na camada de pintura usei para colorir o Lock Alpha Channel ativado. A saturação da cor na pintura é dada pelo conjunto de pinceladas e consequentemente pelo tom de partida. Outro fator que conta é o tipo de blend que utilizamos na pincelada, p.e., se for Multiply iremos sobrepor com bastante intensidade a cor (veja a parte de cima deste screenshot). Claramente podemos combinar diferentes tipos de blends no pincel com um modo fixo no layer das texturas, isto irá proporcionar uma grande liberdade e possibilidades de efeitos.

Abaixo mostro alguns traços com possibilidade de texturas tênues aplicadas em diferentes partes... isto irá necessitar uma certa prática na aplicação das texturas. No meu modo pensar, acho mais interessante aplicarmos as texturas no trabalho terminado.

Camada de pintura tom sobre tom com Lock Alpha Channel ativado.
As texturas foram aplicadas com o Clone Tool.