O pincel digital ideal e afins ...

Testes com pinceis texturizados tipo round.
Testes com pinceis texturizados tipo round.

Durante os meses finais de 2012 e estes iniciais de 2013 tive oportunidade de estudar longamente muito aspectos sobre a construção e tipologia de pinceis para o Gimp. O foco inicial era entender se realmente necessitamos de tantos tipos de pinceis digitais... e partir dai a coisa foi se desdobrando até constituir uma especie de vademecum do pincel digital ideal.

Com longas threads de emails entre mim, o Mozart (2012) e o Zabadal (2012-13), se chegou a interessantes conclusões, sobre os pinceis na pintura digital. Algumas das conclusões abaixo citadas foram pesquisadas em detalhes, outras menos, mas no geral todas elas se demonstraram bastante válidas no sentido de orientar o uso e a quantidade de pinceis que devamos ter na nossa livraria.

Principais conclusões sobre pinceis digitais no Gimp e em geral

  • Os pinceis redondos (raster ou não) são ideais para trabalhar em "chiaroscuro", nos meios tons e em traços. Isto não é uma grande novidade, mas ao aplicarmos este conceito a pinceis pensados para realizar texturas isto melhorou o comportamento para um uso geral deste tipo de pinceis, tanto no "chiaroscuro", como nos meios tons e até mesmo para traços.
  • Pinceis construídos sem antialising melhoram notavelmente a definição das bordas e manchas em geral (ou seja feitos com o instrumento 'pencil' que por natureza é sem antialising). Claramente a aplicação deste tipo de pincel é as vezes vinculada a certos tipos de presets, preferencialmente nós notamos que são ideais para o instrumento aerógrafo (dica do Zabadal), ou com uma baixa opacidade combinada ao modo blending 'multiply', isto emula muito bem veladuras tipicas de muito técnicas (aquarela, acrílico e óleo - Américo).
  • Os pinceis dinâmicos, os .gih, devem conter um numero máximo de 3 a 5 níveis e idealmente de 1 a 2 dimensões (terei modo de falar melhor sobre este argumento).
  • A dimensão ideal dos pinceis, dependendo do tipo de uso, pode variar de 32 a 512 px. Por exemplo, um pincel que será usado para emular lápis ou meios secos para o traço pode se manter com no máximo 64 pixels (mais a seguir veja a tabelinha ilustrativa). De qualquer modo existe sempre um compromisso entre a dimensão e a qualidade do traço ou da mancha... imaginem um pincel pensado para traçar ou pintar com 256 pixels de diâmetro, quando diminuímos o seu diâmetro, as manchas ficam mais compactadas e portanto temos uma diminuição da luminosidade (fica mais contrastado), quando aumentamos o seu diâmetro, as manchas se diluem e o efeito destas é menos definido.
  • O pincel digital ideal é aquele que pode ser usado em muitas maneiras: aumentando ou diminuindo o seu tamanho, aumentando ou diminuindo o espaçamento, para traço ou para coloração ou tonalização. Existe boas chances de construirmos pinceis e sets com tais características e isto implicaria uma notável diminuição na quantidade de pinceis na nossa livraria. Ao mesmo tempo proporcionaria um melhor domínio dos instrumentos e funções dos programas de pintura digital.
Imagem utilizando um pincel tipo lápis para criar texturas de uma aquarela.
Imagem utilizando um pincel tipo lápis para criar texturas de uma aquarela.

O conceito que um pincel digital possa ser usado em muitos modos é em linha com o que acontece no mundo real... onde um mesmo pincel pode ser manuseado para muitos usos, técnicas e efeitos. No mundo digital esta possibilidade vem ampliada notavelmente possibilitando variações e usos inusitados próprios e únicos da pintura digital. Por exemplo, ao aumentarmos e espaçarmos muito uma mancha pensada para o traço, tipicas do lápis, poderemos ter um pincel muito interessante para criar texturizações ou mesmo emular técnicas pictóricas tradicionais (vejam este post escrito no meu blog sobre a emulação da aquarela a partir de um pincel pensado para lápis).

Testes para transformar pinceis texturizados com manchas irregulares em pinceis redondo.
Testes para transformar pinceis texturizados com manchas irregulares em pinceis redondos.

Seguindo esta serie de conclusões parece que o pincel redondo deva ser a característica mais importante dos tipos de pinceis na nossa livraria. Este tem o maior range de possibilidades, desde do traço, à coloração, à tonalização, à texturização (1), etc.

(1) "I understand why in digital painting, painters work in separate steps (1. modelling, 2. texturing). Texturing makes the image shallow. It is much easier to create a "three-dimensional" image without textures and add the texture in the end. I know that a real texture did not exist for a long time in the history of traditional painting as well." L'ubomir Zabadal.

No Gimp é possivel transformamos um pincel redondo em pincel chato atraves do Aspect Ratio slider, presente no Tool Options. Neste sentido é interessante dominarmos esta possibilidade do Gimp, do que termos pinceis chatos (2).

(2) Isto claramente não é uma regra geral, imaginem que vocês usem principalmente pinceis chatos e muito pouco pinceis redondos... a estrategia da coleção dos pinceis que vocês terão vai ser um pouco diferente.

Testes de varias dinâmicas no gih e resultados das manchas.
Testes de varias dinâmicas no gih e resultados das manchas.

Quanto descrito aqui, se adotado pode mudar um pouco ou em muito os critérios das coleções atualmente utilizadas pelo usuário. Nas minhas coleções estes critérios tiveram um impacto enorme, tanto que estou revendo todo o material até o momento disponibilizado. Acredito que será um trabalho enorme de revisão, mas que no final ira gerar sets extremamente pequenos, com no máximo 10 pinceis de caracteristas e manchas bem diferenciadas entre si (critério brilhantemente descrito pelo Zabadal). Uma critica pessoal que faço a muitos dos meus sets, é que estes contem pinceis muito parecidos entre si... isto dificulta o uso e o entendimento pelo usuário final. Muitas vezes ao realizar nossos pinceis somos capazes de perceber tênues nuances... mas o mesmo não acontece quando o mesmo pincel vem utilizado por um outro usuário.

Então o segredo é simplificar ao máximo e tentar exemplificar os usos de um mesmo pincel. Neste sentido aconselharia vocês realizarem breves testes com o vossos próprios sets tentando entender como eles respondem as três básicas funções do preset: diâmetro, espaçamento e opacidade.
Os testes, ao meu ver, mais interessantes são comparar diâmetro em função do espaçamento, diâmetro em função do espaçamento combinado com a opacidade. A combinação de valores aconselhadas para parâmetros dos testes seriam o valor original, a metade e o dobro deste.

Estes testes irão mostrar como um mesmo pincel poderia ser usado em maneira diferente e para efeitos diversos daqueles pelo qual originalmente foi pensado.

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