Gimp 2.8 and Mypaint 1.0 Workflow

Ilustração terminada e intitulada "Indice", medindo cerca 42 x 11 cm de altura.
Fig. 1 - Ilustração terminada e intitulada "Indice", medindo cerca 42 x 11 cm de altura.
Terminei o processo de integração no meu fluxo de trabalho entre o Gimp e o Mypaint. Anteriormente não tinha tido a oportunidade real de colocar certas ideias e recursos ainda em pratica... finalmente consegui fazer isto para uma serie de ilustrações que realizei recentemente para um anuário de ONGs e empresas que atuam na formação e divulgação das novas tecnologias e da internet em geral.
Antes de explicar como fiz isto eu vou falar um pouco sobre como construir uma paleta de cores RGB segura para a quadricromia, pois acredito que seja muito importante trabalhar com cores seguras, principalmente se você tem grandes massas de cores planas nas ilustrações.

Construindo uma paleta RGB safe para o CMYK
Para construir paletas seguras a partir de RGBs o processo mais prático que encontrei é o seguinte:
  1. Criar uma imagem com a gama de cores no Gimp... pinceladas de cores planas segundo as nossas necessidades e gostos :)
  2. A seguir transforma-la em CMYK no Gimp através do plugin +Separate. No Linux você pode instalar o pacote chamado "gimp-plugin-registry", que instala direitinho o plugin +Separate. Na janela de dialogo do +Separate, você tem que colocar um perfil para o RGB e outro para o CMYK, eu normalmente eu uso estes da Fig. 3 abaixo (para isto é necessário instalar o pacote de perfis icc).
  3. O arquivo CMYK precedente, gerado pelo plugin +Separate vai novamente transformado em RGB, para isto basta salva-lo em formato .png ou jpg, veja a Fig. 4 resultante. Deste modo iremos gerar uma imagem com cores RGB seguras do ponto de vista do CMYK. Atenção, precisa estar clicada a opção "Make CMYK pseudo-composite na janela de dialogo do +Separate.
  4. Finalmente este arquivo está pronto para gerar uma paleta usando as funções de importação da aba Paleta Cores do Gimp, veja a Fig. 5.
Fig. 2 - Paleta cores feita com valores de tinta RGB.
Fig. 2 - Paleta cores feita com valores de tinta RGB.
Fig. 3 - Preferencias do perfil para RGB e CMYK que usei para criar a paleta cores segura do ponto de vista do CMYK.
Fig. 3 - Preferencias do perfil para RGB e CMYK que usei para criar a paleta cores
segura do ponto de vista do CMYK.
Fig. 4 - Paleta cores passa pelo Separate do Gimp, usando as preferencias da Fig 3, e novamente salvada como jpg ou png para converte-la novamente em formato RGB.
Fig. 4 - Paleta cores passa pelo Separate do Gimp, usando as preferencias da Fig 3, e novamente
salvada como .jpg ou .png para converte-la novamente em formato RGB.
Fig. 5 - Janela de dialogo das funçoes de importação de paleta cores. Neste caso usei a imagem final para importar e criar uma nova paleta de cores no Gimp.
Fig. 5 - Janela de dialogo das funções de importação de paleta cores. Neste caso
usei a imagem final para importar e criar uma nova paleta de cores no Gimp.
O CMYK é um espectro de cores que tem uma intersecção com espectro do RGB. Isto implica que muitas das cores do RGB não tem um seu correspectivo no CMYK e vice-versa. É por causa disto, que se vocês compararem as Fig. 2 e Fig. 4 notarão que os valores de luminosidade ou saturação de muitas das cores foram modificados neste processo.
O triangulo em amarelo é a gama tipica do RGB e area contornada em azul é tipicamente a gama do CMYK.
O triangulo em amarelo é a gama tipica do RGB e area contornada
em azul é tipicamente a gama do CMYK. [JISC Digital Media]
Na verdade não existe um modo de construir uma paleta de cores que se correspondam exatamente entre RGB e CMYK e principalmente se falamos do modelo no offset, podemos no máximo ter uma boa aproximação ou similares, o CMYK é um modelo que trabalha com cores primárias subtrativas e faz isto através de tintas (Ciano, Magenta, Amarelo e Preto) e retículas de pontos. O modelo é bom, mas não consegue gerar a mesma quantidade de cores e com a luminosidade que o método RGB é capaz. Mais pra frente tentarei escrever os vários usos do esquema CMYK em diferentes dispositivos, p.e., impressoras a jato de tinta, impressoras a laser a cor, fotografia colorida, slides e finalmente o processo de impressão offset em quadricromia.
A comparação entre os espaços de cor do RGB e CMYK. [Wikimedia]
Referências

Color Space
[http://en.wikipedia.org/wiki/Color_space]

Colour Management in Practice
[http://www.jiscdigitalmedia.ac.uk/stillimages/advice/colour-management-in-practice]


Integração do Mypaint com o GimpAnteriormente eu trabalhava integralmente no Gimp para realizar minhas ilustrações e usava exclusivamente o Mypaint para esboçar os traços e construir a composição da imagem. Desta vez eu fiz esboços feitos à lápis, os digitalizei colocando-os em um arquivo .ora do Mypaint. Neste meu processo o Gimp foi usado somente para modificar, corrigir as cores, cortar e mover conteúdos do arquivo do Mypaint.

Construindo o template do arquivo de Mypaint no Gimp 2.8
A versão 1.0 do Mypaint tem a possibilidade de trabalhar com frames para enquadrar a dimensão da imagem em pixels. Isto ajuda bastante a focar o trabalho final das ilustrações, mas a partir da versão 1.1 teremos a possibilidade de setar a imagem (além de pixels) em mm, cm, polegadas, com a resolução em ppi, isto facilitará todo o processo sem precisar do Gimp para impostar o arquivo .ora como aqueles que realizei para iniciar cada umas das minhas ilustrações.
As imagens de partida feitas no Gimp, foram criadas diretamente em milímetros e com 300 ppi (300 pixels por polegadas). Um exemplo do esquema que usei pode ser visto na Fig. 6, logo abaixo.
Organização das camadas para o formato .ora e promover o melhor workflow de trabalho no Mypaint.
Fig. 6 - Organização das camadas para o formato .ora e promover o melhor workflow de trabalho no Mypaint.
As camadas que criei para este processo são:
  • marks - marcas das bordas realizadas com guias e um pincel vbr bem nítido de 3 pixels cerca.
  • palette - paleta de cores como camada para facilitar o processo de integração de pintura entre Gimp e Mypaint.
  • rough - base inicial do meu esboço de primeiro plano e composição geral. Para facilitar o reconhecimento da camada eu apliquei um 'Colorize' (Menu: Colors > Colorize) e reduzi a opacidade com a aplicação do modo 'Multiply'.
  • sfondo - desenho sucessivo para integrar o fundo do desenho da camada anterior. Aqui também apliquei um 'Colorize', mas de cor diferente e abaixei a opacidade para uma camada inferior ao daquela anterior.
  • fundo - camada branca de suporte geral.
Em geral as camadas essenciais para este processo na minha opinião são aquelas do Marks, Rough e Fundo.
Ilustração do esquema da Fig. 5 finalizada.
Fig.7 - Ilustração do esquema da Fig. 5 finalizada.
Conclusões finais
Neste processo de integração acabei utilizando Mypaint para desenhar e colorir e o Gimp para mudar, transformar/mover figuras e corrigir as cores/contraste das ilustrações.
O Mypaint se demonstrou extremamente estável mesmo com arquivos a 300 ppi em formato A3 com mais de vinte camadas. O trabalho no Mypaint foi ótimo do ponto de vista da execução e do controle nos detalhes. De fato no Mypaint é possível zoomar e rodar o canvas sem girar efetivamente os pixels e portanto não comprometendo a qualidade da imagem... no Gimp toda vez que rodamos a imagem isto um pouco vai degradando a imagem.
A maior dificuldade que enfrentei no Mypaint, foi principalmente no dimensionamento dos traços... visto que nele os pinceis são medidos numa escala logarítmica sem muita praticidade para aos fins do desenho de arte final... além do fato que a dimensão do pincel é relativa ao raio e não ao seu diâmetro.

Está nos meus planos criar um set de pinceis para o Mypaint somente para o desenho de base e inking aonde os projetarei para ter medidas referidas em milímetros, p.e., 0.1, 0.2, 0.5, 0.7 e 1.0, principalmente.

Ilustrações finalizadas
Para quem quiser ver todo o trabalho destas ilustrações finalizado, podem encontra-lo neste post no meu blog pessoal:
[http://americogobbo.blogspot.com/2012/12/ilustracoes-recentes-anuario-arede.html]

Comments

  1. Tenho algumas dúvidas sobre esses conceitos que será muito útil se puder sanar. Tendo em vista as diferenças entre os modelos, é então impossível reproduzir as tonalidades claras das cores do rgb num trabalho impresso? Se por exemplo eu quiser uma cor específica de um azul bem claro que não aparece no monitor (mas que um cliente faz questão) em modo cmyk, como proceder? após convertidos no separate as cores alteradas serão as que irão prevalecer na impressão ou as que escolhi no modo rgb? os perfis que utilizou no separate , tto de entrada do monitor qto de saída para cmyk são padronizados? o q eu quero saber é se o perfil de cor "iso coated " é um padrão universal para trabalhos impressos. No caso de ilustrar um livro para uma editora nacional, que perfil de cor utilizar? é preciso solicitar a editora um perfil ou tem algum padronizado para qualquer trabalho em território nacional? no caso do perfil de entrada do monitor, como saber qual utilizar? o plugin separate reconhece automaticamente o de cada pc? vc utiliza algum calibrador de monitor seguro no qual pode observar uma similitude entre o que observa na tela e no trabalho de impressão? E por ultimo, como vc procede no caso de enviar um trabalho em rgb feito no Gimp ou Mypaint para impressão? vc converte em algum programa antes de enviar ou envia o arquivo tiff em rgb mesmo, deixando para a editora o trabalho de conversão? faz algum teste rápido de impressão caseiro antes para conferir? Essas são minhas dúvidas relativas ao processo de ilustração profissional envolvendo softwares livres (ou não) que me seria muito útil se puder responder pois não encontro algo similar em nenhum blog. Desde já agradeço e parabéns pelo ótimo trabalho com o blog =]

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  2. Oi Márcio... estava quase terminando a resposta e luz caiu... mas foi bom... pensei melhor na resposta :-)
    As perguntas são bem focadas e pertinentes, sinal que você já tem uma ideia das coisas mais importantes.

    A questão de cores claras ou escuras não tem nada a ver com a RGB ou CMYK... em ambos espectros existem saturações máximas e minimas das cores. Quando disse que certas cores ficaram mais claras, simplesmente frisei o fato que estas foram as cores que a conversão CMYK achou mais próximas a cor RGB de referência. Por isto eu acho que é importante ter uma ideia de como certas cores mudam para o CMYK em função de dado perfil... isto ajuda a manter o trabalho dentro de certos limites de tolerância. Mas meu método não garante tudo... a margem de erro é de +/- 5 a 15% (de mais para menos). Mas já dá uma ideia.

    Se você precisa uma cor +/- exata, é melhor pesquisar um guia de cores da Pantone, aquele de cor spot pra quadricromia... aí você mostra ao cliente a cor em quadricromia... nestes guias tem os valores para CMYK e para papel coated e uncoated, com estes valores você cria uma cor de referência na tua palheta. Este é um método confiável... mas não exato! Se o cliente quiser cor exata o jeito é trabalhar com cores spots pantone... mas aí a coisa é muito profissional mesmo.

    Do resto eu aconselho você manter todo o processo em RGB, adotar um perfil sRGB clássico e simples para o teu monitor (evite usar o do adobe), caso você não possua o perfil de fábrica... e deixar as separações e tudo mais para o final e por conta da gráfica. O meu tutorial é um método que uso pra controlar a palheta de cores e não ter muitas surpresas no equilibro dos valores de cinza das cores... imagine você criar uma imagem aonde as cores RGB são drasticamente convertidas a valores onde os equivalentes em cinza são completamente mudados... isto mudaria toda a relação de claros e escuros originais da tua imagem e também poderia comprometer a leitura da imagem impressa.

    Estou com muito material escrito, mas em rascunho, sobre todos estes argumentos... peço que tenha paciência em aguarda-los e no meio-tempo mantenha tudo em RGB, com o cuidado de não pegar cores que estejam na ponta de maior luminosidade ou saturação do triangulo de cores do Gimp, por exemplo.

    Espero que tenha ajudado...

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  3. O Mozart tb havia me dito q deixava a conversão de cmyk para rgb por conta da editora. Sendo assim então melhor proceder dessa forma q sugeriram. O David Revoy explicou a um frequentador do blog dele o seu método, utilizando um monitor bem calibrado, um catálogo Pantone e o software cmyk tools (http://www.davidrevoy.com/article92/fedeylins-t-2-fantasy-book-cover). Tb utilizo esse software com bons resultados na conversão, e farei alguns testes de impressão para me certificar da confiabilidade. Vou ver se encontro os perfis sRGB e ICC q utilizou e persquisar sobre como utilizar esse sistema Pantone do qual sou leigo, pois gosto de ter um pouco mais de controle na finalização de algum trabalho impresso e necessitarei em breve de uma maior precisão. O Mozart tinha um artigo com video no qual demonstrava um função de teste de impressão para selecionar essas cores sem o plugin separated, pena q tal artigo se foi do blog. Observando a intersecção no espectro de cores entre os dois padrões, seguindo sua orientação, posso ter uma noção da área a se utilizar na colorização. Boa dica. Esse artigo foi muito util para q eu possa aprender sobre essa questão das cores. Tb me surpreendi ao colorizar uma ilustra de um amigo no MyPaint e constatar uma maior velocidade no fluxo de trabalho mesmo sem as ferramentas de seleção, como vc disse nessa série de posts. Foi menos trabalhoso do q esperava e até mais divertido. Teus pincéis de ink certamente serão muito úteis a todos. Grato Americo.

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  4. No Gimp você pode pesquisar os Displays Filters, que ajudam bastante na visualização diretamente no monitor de como as cores são mudadas por um determinado perfil... precisa fazer atenção para habilita-los... vale a pena estuda-los. Tem bons artigos do Revoy sobre isto e outros espalhados pela web.

    Recentemente, num thread, com um expert no assunto o Guillermo Espertino, consegui melhorar e simplificar o método que propuz aqui... inclusive não uso o separate pra montar a minha palheta de cores, mas tenho que achar tempo pra um monte de artigos que tenho que acabar... muito trabalho mesmo.

    Procure perfís da ECI... eles são livres:
    Para o RGB: http://www.eci.org/_media/downloads/icc_profiles_from_eci/ecirgbv20.zip
    Para o offset, acho que está aqui:
    http://www.eci.org/_media/downloads/icc_profiles_from_eci/eci_offset_2009.zip

    Mas pesquise o material do site do eci, pode ser util pra entender todo o universo de perfis possiveis... http://www.eci.org

    O sRGB tradicional e standard você pode encontrar aqui: http://www.color.org/srgbprofiles.xalter#v2
    É melhor usar a versão 2... mais pra frente analiso a versão 4 e vejo o que é necessário pra usa-la.

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